Cada vez mais o consumidor está assistindo a programação de TV e filmes pela Internet, de acordo com uma nova pesquisa divulgada hoje pela Accenture. A demanda por mais dispositivos e mais conteúdo on-line, bem como a disposição dos consumidores de pagar por um acesso melhor ao conteúdo, está mudando o cenário de mídia e entretenimento.
A quarta pesquisa anual multinacional da Accenture sobre o consumidor digital “Accenture Digital Consumer Survey” foi realizada online entre outubro e dezembro de 2013, com 23 mil consumidores em 23 países. A amostra em cada país é representativa à população on-line, com entrevistados na faixa etária de 14 a 55 anos e mais. A pesquisa fez perguntas aos entrevistados sobre o seu consumo diário de conteúdo on-line através de vários dispositivos e telas de vídeo.
A pesquisa descobriu que 25% dos entrevistados pretendem comprar um televisor com conexão à Internet nos próximos 12 meses. Outros 11% pretendem substituir o aparelho já existente, enquanto 12% planejam comprar um tablet, ampliando o mercado de telas com acesso à internet ainda mais.
A compra de uma smart TV é planejada por apenas 10% dos entrevistados, seguindo a média de 8% dos países desenvolvidos e 13% das economias emergentes. A televisão ainda é a principal fonte de acesso para jogos esportivos no Brasil e Arábia Saudita, que empataram em 43%, enquanto nas economias maduras representa 54% e 52% nas emergentes. Outros 25% dos entrevistados no Brasil pretendem investir na compra de uma TV 4K; na média global da pesquisa o percentual é de 18%.
"Se os consumidores agirem com estas intenções, isso representará um crescimento notável no mercado para vídeo online endereçável", disse Gavin Mann, da Accenture. "Essa expansão digital rápida está promovendo uma nova era de experiências de TV personalizadas, e a previsão é que o número de dispositivos conectados voltados para o vídeo supere a população mundial até 2017."
Conectividade ruim
A pesquisa também descobriu que cerca de metade (44%) de todos os entrevistados assistem a filmes de longa metragem e programas de TV, diariamente, através da Internet, e 39% o fazem semanalmente. Essa demanda não foi prejudicada mesmo pelo fato de que 86% dos entrevistados relataram interrupções de transmissão e 71% observarem considerável lentidão durante o processo de visualização.
Em um sinal encorajador para os fornecedores de serviços, 60% dos entrevistados que baixam filmes em casa indicaram que estariam dispostos a pagar por uma conexão mais rápida, enquanto muitos (62%) disseram que pagariam mais por melhor qualidade, para que pudessem assistir a vídeos quando e onde desejarem.
Apesar do crescimento da demanda sinalizada na pesquisa, brasileiros ainda sofrem com a má conectividade da Internet. Na pesquisa, cerca de 90% dos brasileiros tiveram alguma situação de interrupção do serviço e carregamento de conteúdo online, como filmes e programas de TV. Outros 83% dos consumidores reportam lentidão dos serviços de banda larga.
Entretanto, a boa notícia é que o brasileiro em sua maioria aponta o desejo de até pagar mais por maior velocidade e qualidade desses serviços. Isso ficou claro com 60% dos consumidores informando estarem dispostos a pagar mais por conexões mais velozes.
"Os consumidores de hoje estão assistindo tanto ao conteúdo de vídeo on-line que estariam dispostos a pagar por conexões mais rápidas", disse Mann. "Essa é uma boa notícia para os proprietários de conteúdo e para os prestadores de serviços que estão investindo fortemente em banda larga super-rápida. O fato de que os consumidores também estão dispostos a pagar mais pelo conteúdo em si é um enorme voto de confiança na validação de serviços de alta qualidade.”
Novos participantes, novos serviços
Os consumidores claramente querem que todo o seu conteúdo seja agrupado de forma perfeita. Quando perguntados sobre sua preferência por um retransmissor não tradicional para fornecer-lhes acesso a vídeos, os entrevistados selecionaram Google, Apple e Samsung, nessa ordem. As escolhas foram baseadas no potencial das empresas para oferecer TV paga, VOD (vídeo sob demanda) e Catch-up TV (repetição da programação), e não as principais competências dessas companhias.
"Não é por acaso que as três marcas mais populares também têm a maior parcela do mercado de telefones e tablets. Os consumidores claramente valorizam o conteúdo agrupado em conjunto com os dispositivos, razão pela qual a Amazon domina o mercado de e-book com o Kindle, que oferece a melhor experiência de ponta a ponta. Será interessante verificar se a popularidade da Amazon aumentará quando eles lançarem um produto de TV ", disse.
"Esses disruptores estão claramente introduzindo várias novas tecnologias para a nossa experiência de televisão centenária. Os operadores de hoje têm uma grande oportunidade se puderem inovar, enquanto alavancam com sucesso seus pontos fortes. As empresas de alto desempenho do futuro serão aquelas que combinam arte e tecnologia".
Relação de confiança
Apesar de mais de metade (55%) dos entrevistados terem expressado preocupações em relação à segurança dos dados, dois terços (67%) estão dispostos a fornecer dados pessoais adicionais se os prestadores de serviços oferecerem serviços ou descontos adicionais.
Certamente, essas ofertas precisam cumprir com as leis locais de proteção de dados. Tendo crescido com computadores, a “geração do milênio” parece estar mais confortável com o compartilhamento de suas informações pessoais, sendo as gerações X e Baby Boomers (geração pós-guerra), significativamente menos confiantes.
De acordo com a pesquisa, 71% dos respondentes globais estão dispostos a negociar dados com seus provedores enquanto 60% dos brasileiros pensam em negociar dados pessoais nos serviços adquiridos.
"As emissoras devem conquistar essa confiança se quiserem oferecer novos produtos e serviços, como mecanismos de recomendação e publicidade segmentada com base em dados de consumo", disse Gavin Mann, da Accenture.
Vídeo móvel: a próxima fronteira
Os consumidores estão assistindo mais ao conteúdo digital em telas móveis, mas eles ainda têm o lar como base. A esmagadora maioria (mais de 90%) de todo o consumo digital ainda ocorre nas residências, através de uma linha fixa. Limitações da largura de banda fora de casa também continuam a limitar o entretenimento móvel em um grau muito significativo.
"Há uma oportunidade significativa, aqui, para provedores que podem oferecer uma experiência de vídeo verdadeiramente móvel, independentemente da localização. A corrida é para criar uma experiência móvel convincente ao usuário. O ‘Spotify para Vídeo', combinado com o aumento da cobertura da rede 4G, poderá criar o próximo ponto de transformação", disse Mann.
Os consumidores expressaram confiança crescente na Ultra HDTV, e 18% deles desejam comprar um aparelho ao longo dos próximos 12 meses, apesar da falta de conteúdo e veículos de transmissão. Isto sugere uma trajetória semelhante à da TV de alta definição, quando a grande adoção inicial de aparelhos de TV deste tipo resultou em aumento da oferta de canais de HDTV e discos Blu-ray.
A Pesquisa de Consumidor Digital da Accenture foi realizada online entre outubro e dezembro de 2013, com 23 mil consumidores em 23 países: Austrália, Brasil, Canadá, China, República Checa, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Holanda, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, e Estados Unidos.
Principais dados do Brasil:
– 71% dos respondentes globais estão dispostos a negociar dados com seus provedores enquanto 60% dos brasileiros pensam em negociar dados pessoais nos serviços adquiridos.
– 90% dos brasileiros tiveram alguma situação de interrupção do serviço e carregamento de conteúdo online, como filmes e programas de TV.
– 60% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por conexões mais velozes.
– 83% dos consumidores reportam lentidão dos serviços de banda larga.
– 70% dos brasileiros pretendem comprar um smartphone nos próximos 12 meses, na média dos demais países emergentes, que também é de 70%; já nas economias maduras este percentual cai para 40%.
– 25% dos entrevistados no Brasil pretendem investir na compra de uma TV 4K; na média global da pesquisa o percentual é de 18%.
– 35% dos brasileiros pensam em investir em um e-book, contra 18% dos países de economia madura e 29% das economias emergentes.
– 41% dos brasileiros planejam adquirir jogos de vídeo game com conexão de internet nos próximos 12 meses. Esse percentual varia para 18% nos mercados desenvolvidos e 32% das economias emergentes.
– A compra de uma smart TV é planejada por apenas 10% dos entrevistados, seguindo a média de 8% dos países desenvolvidos e 13% das economias emergentes.
– A televisão ainda é a principal fonte de acesso para jogos esportivos no Brasil e Arábia Saudita, que empataram em 43%, enquanto nas economias maduras representa 54% e 52% nas emergentes. Computadores representam 18%, smartphones 5% e tablets 4%
– 39% dos brasileiros confiam seus dados pessoais aos bancos, 30% às companhias telefônicas. O Google segue com 33%, Facebook 25%, 18% aos provedores de internet, Microsoft 16%, Samsung 14%, Apple 10%, Amazon 4%, Twitter 4%, Sony 7%, Wikipedia 3%. 12% disseram nenhuma das empresas citadas.
Fonte: Acenture.